domingo, 5 de outubro de 2014

Blao noticias - Padilha pede explicação sobre pesquisas

O discurso da derrota do candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, foi marcado por críticas aos institutos de pesquisa e à cobertura da imprensa, além de um apelo para a mobilização pela reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT) no Estado. As reclamações sobre o trabalho dos institutos de pesquisas partiram do próprio Padilha e do coordenador da campanha e presidente do PT no Estado, Emídio de Souza.Os levantamentos feitos pelo Datafolha e pelo Ibope divulgados neste sábado (4) apontavam que ele teria no máximo 16% dos votos válidos (sem contabilizar brancos enulos), levando em conta o limite superior da margem de erro, de dois pontos percentuais em ambas as pesquisas. Com 99,85% das urnas apuradas, Padilha terminou a disputa com 18,21% dos válidos."Não vou falar que tem má-fe [dos institutos de pesquisa], mas algo tem que ser explicado porque toda vez, a 12 horas da eleição, os institutos de pesquisas dão sete pontos a menos para o PT em São Paulo. Há algo nos institutos que não acompanham a realidade do processo de decisão de voto do povo aqui em São Paulo", disse.

A cobrança por esclarecimentos foi reforçada por Emídio."Não estou acusando os institutos de pesquisa, mas eles devem uma explicação. Somos tranquilos com qualquer resultado, mas não nos achamos o máximo quando vencemos, nem baixamos a cabeça quando perdemos", afirmou.O candidato ainda se queixou do trabalho da imprensa durante a campanha. Estreante em corrida eleitoral, ele reclamou que ficou de fora da cobertura das eleições pela TV Globo por quase 30 dias —a emissora estabeleceu como corte para acompanhar diariamente candidato 6% das intenções de votos.O petista citou também aFolha, que, seguindo as pesquisas, publicou na véspera da eleição artigos assinados pelos dois principais postulantes: o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que foi reeleito neste domingo, e Paulo Skaf (PMDB), segundo colocado. "O principal jornal do Estado de São Paulo publicou dois artigos apenas e deram como justificativa o levantamento do instituto."O petista acompanhou a apuração das urnas num hotel na região da avenida Paulista, acompanhado de aliados, comoo prefeito Fernando Haddad (PT), e de familiares. Na sala reservada pelo partido ficaram cerca de 250 militantes, com pouca presença de lideranças. O clima não era de tristeza, mas de ânimo especialmente pelo índice registrado pelo candidato.Numa tentativa de engajar a militância na campanha de Dilma, que em São Paulo ficou atrás do presidenciável Aécio Neves (PSDB), foram feitos apelos para empenho. Naquarta-feira (8), os petistas devem fazer uma reunião para discutir ações por Dilma no Estado.Padilha evitou falar publicamente de erros na campanha, mas afirmou que foi candidato "num cenário adverso". Ele defendeu uma reformulação na estratégia do partido para fazer oposição ao PSDB. No sábado (4), em um de seus últimos compromissos de campanha, ele ouviu do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu padrinho político, que o partido precisa "trabalhar muito mais".Após o resultado, Padilha e Lula ainda não se falaram. O ex-presidente teria seguido para descansar em um sítio. Antes de falar à imprensa, Padilha fez um telefonema protocolar a fim de parabenizar Alckmin.

Sobre seu futuro político, o candidato afirmou que sua próxima missão será reforçar a campanha de Dilma no Estado. "Nas próximas três semanas, o que estou pensando é ficar na rua pedindo voto para Dilma, sendo soldado da reeleição, é isso que a gente vai se dedicar", disse. Segundo interlocutores, ele não teria disposição paravoltar ao Ministério da Saúde.O resultado da eleição em São Paulo reabre no partido a discussão sobre possíveis nomes para a briga para tirar o PSDB do comando do Estado. Uma das opções seria do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, um dos correligionários mais próximos de Lula. Ele era uma das opções para 2014, mas abriu espaço para Padilha, que seguiu a chamada "fórmula poste", quando Lula escolhe um ministro técnico, com pouco ou nenhum capital político,para disputar cargos importantes —casos de Dilma e Haddad.Ao longo dos quatro meses, a principal dificuldade de Padilha foi assegurar o tradicional eleitorado petista no Estado, que está nos movimentos sindical e social. A estratégia inicial direcionou Padilha para o interior paulista, na tentativa de conquistar o chamado "voto conservador", que tem resistência ao partido e é considerado a base que elege o PSDB há 20 anos.O tom adotado pelo candidato também foi de um discurso tucanizado, voltado para a classe C. Sem conseguir avançar, teve que adotar uma fala demarcando melhor a disputa de classes e acusando os adversários de representarem e governarem para ricos, sem um olhar social.Nos bastidores, a escolha dessa imagem "tucanizada" é creditada na conta de Padilha. Outro problema, dizem aliados, foi o estilo "paz e amor", evitado embates diretos no começo da campanha, o que evitou a polarização com os adversários.As falhas nas costuras de alianças, que levaram ao apoio do PR e PCdoB, também faz parte das do leque de erros que são apontados por aliados para apontar os motivos para o petista não ter se apresentado como alternativa para o eleitor paulista.Na reta final, a candidatura foi repaginada para priorizar cidades periféricas da região metropolitana de São Paulo. Nos últimos dias, Lula mergulhou de cabeça na campanha, circulando com o afilhado petista pelo cinturão vermelho, na tentativa de evitar o maior fracasso do partido em São Paulo.A prioridade era garantir a reeleição de Dilma, que enfrentava alta rejeição em São Paulo, mas o principal cabo eleitoral petista também tentava evitar um vexame em São Paulo. O movimento para alavancar os votos do candidato passou a ser uma prioridade para evitar abalo noprestígio do ex-presidente no maior colégio eleitoral do país.Independentemente do resultado de Padilha, petistas sustentam que sua campanha terá pelo menos dois efeitos:a reabilitação da popularidade de Haddad e a diminuição da rejeição à gestão Dilma.

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