quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Disputa entre Marina e Dilma divide família de Chico Mendes

A candidatura de Marina Silva (PSB) à Presidência provocou uma cisão na família do
ambientalista Chico Mendes.
De um lado, a viúva e dois filhos apoiam a companheira do líder seringueiro nas disputas
fundiárias no interior do Acre. Mas a primogênita faz campanha pela presidente Dilma
Rousseff (PT), do partido que ele ajudou a fundar e a dirigir no Estado.
O ativista assassinado em 1988 era próximo de Luiz Inácio Lula da Silva, principal cabo
eleitoral de Dilma, mas também foi amigo e um dos responsáveis por levar para a política a
ex-seringueira Marina, hoje principal adversária da reeleição de Dilma.
Para a viúva Ilzamar Mendes, 50, a ex-ministra do Meio Ambiente é quem melhor representa
os ideais do ativismo de Chico Mendes. Diz que, se estivesse vivo, "ele não só votaria
como estaria do lado de Marina". Foi por meio do marido que ela conheceu Marina
–que, como Chico, começou a vida ajudando a família no trabalho num seringal.
A viúva diz que, nos sete anos de casamento com Chico, recebia com frequência Marina em
sua casa, em Xapuri, a 183 km de Rio Branco.
Marina está nos defendendo. Uma acriana, negra, uma mulher que tem um passado
íntegro, de luta em defesa do ambiente, dos seringueiros afirma Ilzamar, que se
declara cabo eleitoral natural de Marina.
A ex-ministra também foi a primeira opção de Ilzamar em 2010, quando disputou a
Presidência pelo PV. No segundo turno, a viúva optou por José Serra (PSDB).
Ilzamar recebe pensão vitalícia de R$ 3.000, paga pela União. Em 2008, a Comissão da
Verdade anistiou Chico Mendes, enquadrado em 1981 na Lei de Segurança Nacional, e a
família teve uma indenização de R$ 337,8 mil.
Do outro lado da campanha está Ângela Maria Mendes, 44, filha do primeiro casamento de
Chico. Ela, que afirma ter votado em Marina em 2010 e assinado a lista em apoio à criação da
Rede, partido que Marina tentou criar, hoje declara voto em Dilma.
Ângela alega haver "falta de concretude" nas propostas da ex-ministra.
"Tudo me parece muito abstrato em relação à candidatura da Marina."
"Essa utopia da Marina, acho muito bacana você querer mudar o mundo. Mas isso a
gente constrói a partir de coisas concretas", afirma.
A primogênita de Chico Mendes diz que se identificou com o PT quando começou a buscar
mais informações sobre a história de seu pai.
Em 2011, decidiu se filiar à sigla –desde então, é assessora do senador Anibal Diniz
(PT-AC) e, há um ano, assumiu a Secretaria de Meio Ambiente do partido no Estado.
Apesar de revelarem suas preferências, familiares de Chico ainda não apareceram em
propagandas partidárias.

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